Para a Igreja Católica, o mês de setembro é dedicado à Palavra de Deus e a celebração do Dia da Bíblia. “Como posso entender se não há alguém que me explique” (At 8,31). “Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho” (Sl 118/9,105). “Este mandamento que hoje lhe ordeno não é muito difícil, nem está fora do seu alcance. Sim essa Palavra está ao seu alcance, está na sua boca e no seu coração para que você a coloque em prática” (Dt 30,11-14). “O que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo de coração bom e generoso, conservam a Palavra e dão frutos na perseverança” (Lc 9,15).
O estudo da Bíblia é prioridade na Igreja, quer na sua divulgação, no cuidado com a revelação, interpretação, tradução, linguagem e na animação da pastoral.
Em 1965, o concílio Vaticano II publicou um texto chamado “Dei Verbum” ou “A Palavra de Deus. O texto afirma: “Da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da Palavra de Deus, quanto do Corpo do Cristo o pão da vida, e o distribui aos fiéis” (DV 21). Um intenso movimento bíblico desencadeou-se na Igreja. Merece destaque: A leitura da bíblia nas comunidades, os cursos bíblicos, os círculos bíblicos, inúmeros publicações científicas e populares sobre a Bíblia e sobre livros da Bíblia, as devesas traduções da Bíblia, a criação de instituições bíblicas como: Serviço de Animação Bíblica, cursos, mês da Bíblia, curso bíblico através do Rádio, o método de Leitura Orante da Bíblia e centenas de títulos publicados em linguagem popular e de fácil compreensão. Assim, a Palavra de Deus ganhou um destaque nas celebrações com a valorização da mesa da palavra, a proclamação das leituras e a homilia que alimentam a comunidade.
Em outubro de 2008, o Papa Bento XVI convocou o Sínodo dos Bispos com o tema “A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja”. “O homem contemporâneo mostra de tantas maneiras que tem uma grande necessidade de ouvir Deus e falar com Ele. Nota-se, entre os cristãos uma abertura apaixonada para a Palavra de Deus como fonte de vida e graça de encontro do homem com o Senhor”.
O Sínodo se propôs “contribuir para esclarecer aspectos fundamentais da verdade sobre a Revelação, tais como a Palavra de Deus, a Tradição, a Bíblia, o Magistério, que justificam e asseguram um válido e eficaz caminho de fé; acender a estima e o amor profundo pela Sagrada Escritura, fazendo com que os fiéis tenham amplo acesso a ela; renovar a escuta da Palavra de Deus, no momento litúrgico e catequético, especialmente com o exercício da Leitura Orante, adaptada às várias circunstâncias; oferecer ao mundo dos pobres uma Palavra de consolação e de esperança”.
O ministério da Palavra, a pregação pastoral, a catequese e toda a forma de instrução cristã, a homilia litúrgica deve ter um lugar privilegiado. Assim a comunidade se alimenta e se revigora com a Palavra da Escritura. A obra da evangelização e da catequese revitaliza-se graças à atenção dada à Palavra de Deus. Avançar por essa estrada, alargá-la e melhorá-la, renovando certezas e oferecendo serviços é missão da comunidade. A Igreja sabe que, recebendo a Palavra de Deus como o seu maior tesouro recebe também o que constitui o seu maior dever: passá-la a todos.
Hoje é necessário que a escuta da Palavra se torne um encontro vital, que permite colher no texto bíblico a Palavra viva que interpela. A Palavra orienta e plasma a existência mediante a utilização dos novos métodos de leitura da Palavra de Deus e assim adquirir familiaridade com a Bíblia, a tê-la ao alcance da mão, para ser uma bússola a indicar a estrada a seguir.
A proclamação da Palavra de Deus pela Igreja é decisiva para a fé do cristão, já que ela possibilita o acolhimento livre ao anúncio salvador de Jesus Cristo, possibilitado pela atuação do Espírito Santo. É através da pregação do querigma que acontece um autêntico encontro com Jesus Cristo, por isso ele deve ser uma oferta imprescindível a todos. O anúncio e a acolhida da Palavra são, portanto, fundamentais para a vida e a missão da Igreja e ocupam lugar central na liturgia, na família e na comunidade.
É pela pregação da Palavra que todos podem ter acesso à fé e à salvação, chegando a conhecer o Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que o Pai enviou. Pela Palavra de Deus homens e mulheres chegam ao encontro com Jesus Cristo, desejosos de algo novo, e que alcançam a luz e são recriados porque se abriram à experiência da misericórdia do Pai que se oferece por sua Palavra de Verdade e Vida. Não abriram o coração para algo do Messias, mas ao próprio Messias. Este encontro com o Senhor é o que inicia um processo de discipulado, de vida em comunhão com os irmãos, de testemunho do Reino e de transformação da sociedade.
A Palavra de Deus não se reduz as noções, mas ilumina e alimenta a vida em Cristo. Neste mês de modo especial todos são chamados a ler a Palavra de Deus e anunciá-la na comunidade.
(*) Dom Juventino Kestering é bispo da Diocese de Rondonópolis
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